O Impacto das Medidas Norte-Americanas na Cadeia Global de Metais e a Urgência de uma Estratégia Nacional.
- Pedro Camargo
- 23 de jun.
- 2 min de leitura
As recentes medidas comerciais adotadas pelos Estados Unidos — como tarifas e barreiras não tarifárias — sob o pretexto de proteção ambiental ou fortalecimento do mercado interno, vêm afetando o equilíbrio do comércio global de metais. Essas ações reduzem significativamente as oportunidades de exportação de produtos semiacabados brasileiros, ao mesmo tempo em que permitem a entrada de produtos concorrentes, muitas vezes com forte subsídio estatal, como o aço chinês.
Essa conjuntura afeta diretamente a indústria nacional, em especial as usinas que utilizam altos volumes de sucata em seus processos produtivos. Com menor demanda por aço semiacabado no exterior, reduz-se a produção local — e, consequentemente, a utilização da sucata metálica como insumo — impactando negativamente toda a cadeia da reciclagem.
⚠️ Consequência prática: menos aço sendo produzido significa menor consumo de sucata pelas usinas nacionais, criando um efeito cascata que compromete a sustentabilidade econômica do setor de reciclagem.
Falta de Reação Estratégica por Parte do Governo Brasileiro
Em meio a esse cenário, a ausência de uma política industrial moderna e assertiva torna o Brasil ainda mais vulnerável. O país carece de diretrizes claras para defender sua base produtiva e alavancar setores com alto potencial de geração de emprego e valor agregado, como o da reciclagem de metais.
Os principais pontos de fragilidade incluem:
• Falta de incentivos fiscais e tributários para empresas da cadeia da reciclagem;
• Ausência de mecanismos de defesa comercial frente à entrada de aço subsidiado e poluente, pressiona as usinas nacionais;
• Baixa articulação diplomática em organismos multilaterais, dificultando a contestação de medidas assimétricas adotadas por grandes economias;
• A não inclusão de materiais reciclados entre os insumos estratégicos da política industrial brasileira.
Hora de Reagir: Proteção e Valorização do Setor
O INESFA reitera a necessidade de uma atuação firme e articulada do governo federal para preservar a competitividade da indústria nacional e fortalecer a economia circular. É fundamental:
🔹 Estabelecer uma política nacional de valorização dos materiais reciclados promovendo a economia circular e a transformação industrial;
🔹 Atuar diplomaticamente em instâncias como a OMC e o G20 para garantir tratamento isonômico ao setor nacional frente às práticas comerciais desleais;
🔹 Considerar a adoção de barreiras técnicas, ambientais e sanitárias que, assim como fazem os EUA e outras potências, sirvam para proteger a indústria e fomentar o desenvolvimento sustentável.
Conclusão: Decisão Política e Visão de Futuro
O Brasil dispõe de capacidade técnica, matéria-prima, conhecimento industrial e histórico de geração de empregos para ocupar papel de destaque na cadeia da reciclagem. Mas sem decisão política e planejamento estratégico, continuará perdendo espaço.
O INESFA permanece atento, atuando na defesa dos interesses da cadeia da reciclagem e da indústria de base nacional.
♻️ Porque reciclagem é riqueza, é soberania, é futuro.

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